Doce menina

Pobre menina sonhadora, para ela o mundo era encantado, nunca sofreu por um amor verdadeiro, nem sabia o que era chorar por tristeza.


Sentia tão intensamente, amava tão loucamente, até a mais repulsiva flor. Seu coração transbordava alegria. Quem dera eu ser como essa menina.

Doce e gentil, com o sorriso encantador, em seus olhos não via sofrimento. Mas que alegria divina, achei que pudesse aprender com aquela menina, deixar meu passado e angustias de lado, dar a mão para uma forma de ser feliz.

E quem disse que eu poderia ser feliz? Afinal, o que era a felicidade? O doce amargo da alegria era tudo que me consumia. Nunca soube o que era ser feliz. 

Em um festival vi aquela menina, dançando que nem uma boneca, seu corpo se movia lentamente conforme a música, seu vestido rodava tão sutilmente, suas mãos deslizavam graciosamente, seus cabelos macios encaracolados da cor do pôr do sol. Aquele sorriso era fatal para mim, com os olhos fechados ela dançava preparada para morrer ali, transbordando prazer e alegria.

Despreocupada com a vida ela aproveitava cada segunda que tinha, eu sentia tanta inveja por não ser assim. Ser incapaz de apreciar a beleza da vida, as cores da alegria. Como disse, não sabia o que era felicidade, enquanto ela dançava, ali ficava admirando, desejando-a, sonhando com uma forma de roubar aquela felicidade. 

Planejando mil formas para ter aquela graciosidade de menina, cujo o nome eu não sabia. Uma forma simples de ter tudo aquilo para mim.

Ela não desconfiava de ninguém, acreditava fielmente no “feliz para sempre”. Moça, não transmita tanta beleza assim, a inveja consome o ser humano e me consumiu de tal forma que quero você dançando só para mim, quero essa graciosidade em meu quarto acorrentada. 

Quero que você pare de ser feliz e comece a entender a minha infelicidade, quero que seu sorriso morra, que seus olhos fiquem em lágrimas, sua gentileza acabe e que seu sonho vire pesadelo.

Esperei tanto para ter você só para mim. Demorei anos para te conquistar, ganhar seus beijos e abraços, agora que está apaixonada por mim, será só minha. Aquele toque suave do seu beijo, os abraços apertados e tão gentis, me conquistava cada vez mais e como eu a desejava, era uma menina linda de todas as formas.

Não fiquei satisfeito com esse novo relacionamento, afinal, você ainda ficava dançando para todos e não só para mim, ninguém deve ter percebido a pureza que vi em você, não me faça ter que te prender, não implore, não chore, não demonstre o que está prestes a acontecer. 

Você nunca desconfiou da minha mente doentia, não sabia do que eu era capaz, mas finalmente chegou o dia. O dia em que te peguei pelos cabelos, arrastei até sua nova prisão, irá ter que dançar por comida, irá ter que ser minha. 

Ela ainda não acreditava no que aconteceu, trancafiada em meu quarto, com as mãos amarrada a cama. Ela não sabia o que fazer, gritar por ajuda nunca foi uma boa solução, cansada demais, anorexia, sem forças, sem vida, ela deseja morrer, sentiu tudo que nunca tinha sentido, com tanta intensidade. 

Medo, angustia, tristeza, seus piores pesadelos, aquele brilho que ela tinha apagou-se, mas nem por isso deixei de vê-la dançando e ela dançava acorrentada com tanta tristeza que me satisfazia.

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Sobre o Autor

Amadora em fotografia, amante de literatura e viciada em doces. Jornalista que sabe de tudo, mas ao mesmo tempo não sabe coisa nenhuma. Olá para você que busca a felicidade como eu, mas sabe que no fundo ela não existe. O arroz vem primeiro e coloco ketchup na minha pizza sim.

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