A menina e a chuva

Na noite gelada, com o céu estrelado, a chuva pingava e não parava.
E ali, com suas galochas verdes, pulava em cada poça, congelando, mas se divertindo, o sonho de qualquer criança...
Não tinha como a noite melhorar, a chuva com sua leveza, seu suave toque em seu rosto, gelava seu corpo todo. Mas quem disse que ela ligava? Era encantador, tudo mágico. 

Para uma criança tudo não passa de magia, enquanto ela ali brincava, sua mãe a observava, de longe pela janela vendo a alegria estampada, vendo o mundo colorindo-se por causa daquele sorriso, era fácil dizer que era o mais bonito. Não tinha como negar, muito menos interromper tal felicidade. 

Nunca tinha visto alguém feliz, por poder se jogar, se molhar, se deliciar na chuva.
Coisa magica não? Enquanto muitos reclamam por estar molhando-se a caminho de casa, ela divertia-se. 
Um breve momento parou de pular, parou de sorrir para observar uma moça triste, caminhando cabisbaixa, parecia que a qualquer momento suas lágrimas salgadas cairiam e se misturariam com a chuva. 

Com aperto no coração por ver alguém tão triste a pequena garota com suas galochas verdes foi até a moça, sorriu e perguntou o porque ela não estava se divertindo, sendo que a chuva foi feita para brincar, sorrir e se alegrar. 
A moça sem saber como explicar, tinha acabado de perder a filha há dois dias , não conseguia falar, não conseguiu esclarecer, sentou-se no chão e desabou em lágrimas, a vida para ela não fazia sentido sem sua filha, seu mundo acabou, a cor ofuscou e infelizmente seu coração gelou. 

Ela estava ali, sem família, sem sentido para vida, caminhando em direção a morte. Ao ser interrompida por uma guria de galochas verdes, ela parou. A garotinha logo deu motivo para ela sorrir, chamou-a para brincar, pular na poça de água e cantar sem parar.

Não foi um milagre, nada mudou, a filha da moça tinha ido e a vontade dela de se juntar a filha não passou, mas por um momento, por um breve momento aquela moça cuja a felicidade foi perdida pode sorrir novamente, sentiu seu coração pulsar, viu a chuva como a garota via, sabendo que já havia morrido por dentro junto com sua filha, mas alguém pôde revive-la, por frações de segundos.
Ela sentiu como se a filha dela estivesse ali, brincando, cantando e sorrindo. Era a risada mais gostosa que já tinha ouvido, era o sorriso de esperança daquela moça que lhe fez acreditar. Morreu com alegria.

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Sobre o Autor

Amadora em fotografia, amante de literatura e viciada em doces. Jornalista que sabe de tudo, mas ao mesmo tempo não sabe coisa nenhuma. Olá para você que busca a felicidade como eu, mas sabe que no fundo ela não existe. O arroz vem primeiro e coloco ketchup na minha pizza sim.

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